A iniciativa é de uma empresa que fica a 50m do ribeirão. A loja também já havia instalado um bueiro inteligente na frente do empreendimento para impedir que ele fique entupido. Dessa forma, é possível remover a cestinha e descartar as folhas e o lixo que chegam com as chuvas.
O empresário Tiago dos Santos, sócio da Top Quadros, instalou a estrutura na semana passada. A estrutura é de aço galvanizado e vai apenas um pouco para baixo da água, para não interferir no bioma do ribeirão. O objetivo é apenas conter o material plástico.
“Como a barreira é física, ela segura de tudo. Folhas, galhos, troncos… Por isso exige tanta manutenção. A cada chuva, eu preciso entrar lá e fazer a limpeza, para não obstruir a passagem da água. Por esse motivo, é inviável instalar barreiras na cidade toda”, explica Tiago.
Segundo ele, o ribeirão fluiu naturalmente pela barreira na primeira chuva, sem interromper o fluxo da água. Porém, Tiago enfatiza que o principal objetivo não é apenas reter o lixo, mas sim mostrar para as pessoas o que fica no rio e ninguém vê.
A inspiração veio de uma pessoa no Paraná que mantinha atitudes parecidas no rio atrás da casa dele. Tiago teve acesso ao perfil dele nas redes sociais e observou que, apesar de ter poucos recursos, ele havia construído uma barreira com boias para conter materiais flutuantes.
“Foi ali que minha consciência despertou e eu resolvi começar a ser ativista. Acho que falta uma comunicação das pessoas e das empresas para trazer essa humanidade. Muitos não reconhecem a responsabilidade que têm e jogam tudo para o poder público, mas todos podem colaborar”, defende o empresário.
Tiago também enfatiza que não acredita que responsabilizar o poder público por todos os problemas do meio ambiente seja a solução. Para ele, o obstáculo maior é mudar a cultura que faz com que as pessoas não se vejam como culpadas.
“Mesmo se eu e você não jogamos lixo no chão, fazemos parte de uma sociedade democrática. A culpa é de todos nós. O problema da poluição é um problema das pessoas. Eu também tenho duas filhas pequenas, então isso me motiva a fazer a mudança para o futuro delas, dar o exemplo para elas”, conta.
Posição da Defesa Civil
Na opinião do diretor de Geologia, Análise e Riscos Naturais da Secretaria de Defesa do Cidadão de Blumenau, Jean Carlos Naumann, atitudes como essa não deveriam ser necessárias, já que o ideal seria que as pessoas não jogassem o lixo no ribeirão.
Como a estrutura impede a passagens apenas do lixo que está suspenso, ela retém uma fração do que é jogado no rio. Afinal, muitos dos descartes acabam afundando antes de chegar à estrutura. Entretanto, Naumann acredita que a barreira ecológica não apresenta riscos nas enxurradas de Blumenau.
“Não é provável que haja um represamento porque o comportamento da água impede que isso aconteça. Ela empurra o que estiver no caminho e destrói o lixo. Porém, precisaria analisar a estrutura para garantir que ela seja forte o suficiente para segurar as toneladas de lixo necessárias para esse risco se tornar real”, justifica.
Foto: O Município Blumenau – Bueiro inteligente para impedir que ele fique entupido